Apendicite Aguda
A DOENÇA
Apendicite aguda é a inflamação do apêndice cecal, estrutura localizada na região inferior direita do abdome.
SINTOMAS
A apendicite aguda pode se apresentar nas mais diversas formas.
O mais comum é a dor abdominal, inicialmente generalizada, tornando-se mais específica em seguida na região inferior direita. Pode vir acompanhada de náuseas, vômitos, diminuição do apetite e febre. A doença é mais freqüente em jovens, mas pode acometer pacientes de qualquer idade.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico é essencialmente clínico. Os exames laboratoriais ou radiológicos podem eventualmente confirmar a apendicite aguda ou ainda excluir outras doenças que podem se apresentar de maneira muito semelhante, como alterações ginecológicas e urinárias.
TRATAMENTO
Atualmente a cirurgia pode ser realizada por via laparoscópica, que permite a visualização de toda a cavidade peritonial, importante principalmente nos casos em que não há certeza absoluta de que se trata de uma apendicite aguda. O processo cirúrgico permite ainda uma excelente limpeza na presença de secreção purulenta, além de proporcionar menos dor no pós-operatório e um rápido retorno às atividades pessoais e profissionais.
Cálculos da Vesícula Biliar
A VESÍCULA
A vesícula biliar é o órgão responsável por concentrar e armazenar a bile, líquido produzido pelo fígado que é liberado no intestino durante a passagem dos alimentos participando efetivamente da digestão.
A DOENÇA
A formação de cálculos (pedras) na vesícula biliar pode ocorrer ocasionalmente. É mais comum em mulheres, obesos, diabéticos e idosos, mas há casos registrados em jovens, não obesos e homens.
SINTOMAS
Episódios de dor abdominal em cólicas, principalmente após a ingestão de alimentos gordurosos.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico é feito através dos sintomas e confirmado com a realização de ultra-sonografia abdominal.
TRATAMENTO
Com o diagnóstico confirmado, o tratamento é a colecistectomia (retirada da vesícula biliar). Na maioria dos casos essa cirurgia pode ser realizada por via laparoscópica, com as vantagens de proporcionar período de internação reduzido, menos dor no pós-operatório e retorno mais rápido às atividades pessoais e profissionais.
Hérnia de Hiato – Refluxo gastro-esofageano
A DOENÇA
Hérnia de Hiato é a protrusão ( deslocamento de um orgão da sua posição original ) para o tórax de uma víscera abdominal através do orifício no diafragma chamado Hiato Esofágico. Este orifício normalmente permite a passagem do esôfago, do tórax ao abdome. O problema é que a víscera normalmente envolvida neste processo é o estômago.
SINTOMAS
Refluxo do conteúdo gástrico para o esôfago. Em condições normais, este refluxo acontece em pequenas quantidades. Quando o refluxo aumenta, pode acontecer a inflamação da mucosa esofágica, que se apresenta na forma de dor - geralmente em queimação - localizada na parte central do tórax, além da regurgitação de alimentos. É importante salientar que o refluxo pode ocorrer na presença ou na ausência da hérnia hiatal. Entretanto, a principal causa da doença de refluxo gastro-esofágico é a hérnia de hiato diafragmático.
COMPLICAÇÕES
Se não tratado o refluxo constante pode levar a várias complicações como úlcera, hemorragia, estreitamento do esôfago, pneumonia, bronquite e até mesmo um aumento de risco de câncer de esôfago.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico de hérnia hiatal é confirmado através de endoscopia e radiografia de contraste. A presença da lesão no esôfago é diagnosticada por meio de endoscopia e biópsia. Outro exame muito utilizado é o monitoramento do "pH" esofágico para confirmar a presença de refluxo.
TRATAMENTO CLÍNICO
O tratamento clínico é aplicado quando o refluxo é pequeno. O objetivo é reduzi-lo com alteração da dieta, orientação postural, medicamentos anti-ácidos e pró-cinéticos. No caso de refluxo intenso ou sintomas persistentes ou ainda no insucesso do tratamento clínico, opta-se pela cirurgia.
TRATAMENTO CIRÚRGICO
A cirurgia consiste em corrigir a hérnia, corrigir as dimensões do hiato esofágico e criar uma válvula que proteja o esôfago do refluxo gástrico. Na maioria dos casos, pode-se realizar a cirurgia por via laparoscópica, com todas as vantagens deste método.
Hérnia Inguinal
A DOENÇA
Hérnia Inguinal pode ser definida como a protrusão ( deslocamento de um orgão da sua posição original ) de vísceras ou estruturas anatômicas da cavidade abdominal através de pontos de fraqueza da parede localizados na região inguinal (virilha).
SINTOMAS
O quadro clínico é de abaulamento na região inguinal, podendo ou não apresentar sinais de dor e piora aos esforços. É reversível quando o paciente deita ou corrige o abaulamento com a mão. Com o tempo, a hérnia pode tornar-se cada vez maior e mais dolorida, caminhando para a irreversibilidade.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico é essencialmente clínico e visual.
COMPLICAÇÕES
Além do incômodo do abaulamento, existe o risco de ocorrer um aprisionamento da estrutura herniada podendo levar à isquemia - falta de irrigação sanguínea adequada do local provocando necrose desta estrutura.
TRATAMENTO
Diversas técnicas podem ser utilizadas no tratamento das hérnias inguinais, inclusive através de vídeo-laparoscopia que causa menor trauma tecidual, permite boa avaliação da região contra-lateral e torna possível - se necessário - a correção na mesma operação, além de causar menos dor, menor risco de infecção da ferida cirúrgica e recuperação mais curta.
Obesidade
O que é?É o acúmulo ou excesso de tecido gorduroso corporal.
Tem obesidade a pessoa que possuir IMC - Índice de Massa Corporal acima de 30.
Obesidade: Acúmulo excessivo de gordura corpórea.
Diabetes Mellitus: distúrbio no metabolismo da glicose sanguínea.
Síndrome Metabólica: Associação de alterações do organismo que incluem obesidade, aumento do colestrol sanguíneo, aumento dos triglicérides e diabetes mellitus.
A Síndrome Metabólica é a grande epidemia do século XXI. Hoje temos 330 milhões de diabéticos no mundo. Serão 440 milhões em 2030.
O tratamento da Síndrome Metabólica é eminentemente clínico. Alguns pacientes, no entanto, necessitam de tratamento através de operações.
As operações utilizadas para o tratamento da síndrome metabólica assim como da obesidade são chamadas, genéricamente, de Cirurgias Bariátricas e Metabólicas.
É preciso que tenhamos uma compreensão de alguns aspectos do metabolismo relacionado a esta grande tarefa do “perder peso” e corrigir distúrbios metabólicos.
Nossa maior fonte de energia são os carboidratos (açucares) provenientes da alimentação. Estes carboidratos são transformados em glicose, armazenados no fígado na forma química chamada glicogênio. O glicogênio sofre ação do hormônio chamado Glucagon (produzido nas células Alfa do pâncreas), transformando-se em glicose que é liberada gradativamente, para a corrente sanguínea; já a insulina (produzido nas células Beta do pâncreas) faz com que a glicose, agora no sangue, entre nas células, onde será utilizada para produzir energia. A glicose é o nosso principal "combustível".
Há outras fontes de energia, tais como proteínas e gorduras, no entanto, as células do sistema nervoso só conseguem utilizar a glicose como fonte de combustível, assim sendo, o neurônio não pode sofrer a falta da glicose.
São dois os tipos de Diabetes Mellitus (DM):
A DM Tipo 1, caracterizada pela falta de produção de insulina. Sua causa é auto-imune, ou seja, o paciente produz anticorpos que destroem as células Beta do pâncreas. Em outras palavras o paciente produz um anticorpo contra o próprio organismo. Os pacientes precisam tomar insulina. Não podemos contar com esse pâncreas para produzir insulina. Até o momento não há cirurgia capaz de fazer o pâncreas voltar a funcionar. O diagnóstico dessa doença é complexo e deve ser realizado por Endocrinologista
A DM Tipo 2 é uma outra doença, completamente diferente. O pâncreas pode produzir insulina porém não consegue exercer sua função a contento (resistência periférica a insulina). Com o passar do tempo, o pâncreas pode ser também agredido passando a produzir a insulina inadequadamente. Nos obesos o emagrecimento promoverá regressão da disfunção da insulina (regressão da resistência periférica). Alguns medicamentos e algumas operações podem atuar sobre o pâncreas revertendo ou melhorando sua função na produção de insulina.
IMC Nível |
|
até 25 |
Normal |
26 - 29,9 |
Sobrepeso |
30 - 34,9 |
Obesidade Leve ( Grau I ) |
35 - 39,9 |
Obesidade Moderada ( Grau II ) |
40 - 49,9 |
Obesidade Mórbida ( Grau III ) |
acima de 50 |
Superobesidade |
Obesidade
Tratamento clínicoO tratamento clínico é sempre a primeira opção na síndrome metabólica. Exige participação de equipe multiprofissional (Endocrinologista, Nutricionista, Educador Físico e por vezes Psicoterapeuta) e intensa colaboração do paciente.
O tratamento é baseado em medicamentos, mudança de comportamento alimentar e atividade física. Todos estes componentes do tratamento devem ser mantidos para sempre visto que estas moléstias são controláveis mas não curáveis.
Balão Intra Gástrico
Para tratamento da obesidade podemos utilizar um dispositivo aplicado por endoscopia chamado “Balão Intra Gástrico”
O Balão tem a função de ocupar espaço no estômago dando a sensação de saciedade.
Colocado por endoscopia poderá permanecer até 6 meses quando, então deverá ser retirado também por endoscopia.
Obesidade
Tratamentos cirúrgicos
As operações que tratam obesidade são as mesmas que se utilizam para o controle da Diabetes Mellitus Tipo 2 chamadas genéricamente de Cirurgias Bariátricas e Metabólicas.
Para entendê-las faz-se necessário uma introdução sobre os hormônios do tubo digestório.
"Hormônio da fome" – Ghrelina
Este é o único hormônio atualmente conhecido que causa fome.
È fabricado principalmente no estômago em sua parte mais alta (fundo gástrico).
Hormônios da saciedade e estimuladores do pâncreas (incretinas).
Vários hormônios digestivos fabricados principalmente no final do intestino delgado e no começo do intestino grosso causam a sensação de saciedade (sacietógenos) e também nesta região são fabricados hormônios que agem sobre o pâncreas melhorando a produção de insulina (incretinas). São exemplos destes hormônios o GLP1 e o PYY. Eles agem no cérebro promovendo a sensação de saciedade, perda da vontade de comer.
A chegada de alimentos estimula a fabricação do hormônios.
Indicação para o tratamento cirúrgico
Pacientes portadores de obesidade grau III (IMC>40 Kg/m2) ou aqueles que tenham
IMC > 35Kg/m2 e doenças associadas poderão ser submetidos a tratamento cirúrgico desde
que tenham já sido submetidos a tratamentos clínicos.
Operações utilizadas
Popularmente chamadas de “redução do estômago”, as operações são realizadas por vídeo-laparoscopia e divididas conforme sua atuação no metabolismo:
Operações Não Derivativas
Banda Gástrica Ajustável
A Cirurgia Restritiva reduz a capacidade gástrica colocando-se uma "cinta" na parte alta do estômago, transformando-o numa "ampulheta". Desta maneira, obtém-se a chamada "saciedade precoce", ou seja, o paciente fica satisfeito com uma quantidade menor de comida.
Devido à baixa eficiência, alto índice de reoperações e alto índice de recidiva ( retorno) da obesidade, esta técnica está praticamente abandonada no nosso meio.
Gastrectomia Vertical
Trata-se de redução significativa do volume do estômago que assume um formato de um tubo cilíndrico preservando-se a sua função. Esta modalidade já fez parte da cirurgia de “Duodenal Switch”. O uso isolado da Gastrectomia Vertical iniciou-se em 2003.
Com a retirada do fundo gástrico, existe uma diminuição da secreção da ghrelina, hormônio produzido principalmente por aquela parte do estômago, com consequente diminuição da fome. Esta operação também promove alterações dos hormônios produzidos no final do intestino (sacietógenos e incretinas), caracterizando-a como cirurgia metabólica sem derivação intetsinal.
Vale dizer que esta modalidade cirúrgica não compromete a absorção de nutrientes como as vitaminas, sais minerais, e em consequência minora os riscos da desnutrição protéica, flatulência e diarréia.
Operações Derivativas:
Derivação Gástrica com reconstrução em Y de Roux (Bypass Gástrico, Gastroplastia, Cirurgia de Capella, Cirurgia de Fobi).
Há 40 anos a cirurgia metabólica & bariátrica mais realizada no mundo é a Derivação Gástrica com Reconstrução em “Y de Roux”. Essa técnica divide o estômago em duas porções e desvia o alimento direto para o intestino.
Com esta manobra, o paciente passa a ter menos fome, saciedade mais precoce e estímulo pancreático para produção de insulina. É a técnica mundialmente mais empregada para o controle da Obesidade e da Diabetes Mellitus Tipo 2.
Derivação Bilio-pancreática ( Cirurgia de Scopinaro o Duodenal Switch):
Estas técnicas, responsáveis por cerca de 1,5% das operações metabólicas no mundo, funcionam criando longos desvios intestinais e resposta metabólica mais acentuada que a Derivação Gástrica. A sua pouca utilização é devido ao maior índice de complicações cirúrgicas e nutricionais.
A escolha da técnica cirúrgica é feita após avaliação, individualizada, levando-se em conta todas as dúvidas e anseios do doente.